terça-feira, 21 de agosto de 2012

Para Arnaldo Antunes.

Tô dando folga pros neurônios
pra lembrar que também tenho o resto do corpo
quem sabe o que pode trazer esse novo descanso?
um novo batalhão menos diposto ao trampo
mudar essa sina, de todo dia
”usar, queimar, vir novo neurônio e vingar”
Tá vindo a chance dessa revolta celular
mandando os pés mandarem mais
o vento nos cabelos o caminho poder indicar
os olhos poderem escolher para onde querem olhar
o sorriso nascer assustado ao se deparar com a questão neural:
”o que você está fazendo nesse rosto, afinal?”
e ele, largo, responder:
"estou sorrindo assim, mais sossegado”
Tô pagando pra ver até onde isso vai dar.


terça-feira, 14 de agosto de 2012

Diadorim e Riobaldo, e sem seu paletó amassado.



Dou-lhe chamegos em número par
vontade ímpar de minhas pernas ali deixar
se você ficar
faço dois terços a mais de caldo
leio o romance doido de Diadorim e Riobaldo
se você ficar
deixo a cama feita
pele cheirosa
vestido no cabide
se você ficar
não choro no seu paletó passado
nem deixo sua camisa em linho amassado
se você ficar
vai ser só sofrimento
doido tormento
vela a queimar
reza a rezar
promessa pra você em outra não grudar
se você ficar
tormento
se você ficar
tormento
se você for embora
o que de mim irá restar?
se você ficar
resto eu sem resto de nada
não
se você for, eu ficar, você lá ficar
resto eu com resto de tudo.