quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Para a Rua.


Não gosto de recomendar...mas sugiro que leia ao som de "todalegria", do pessoal da Rua do Absurdo (que espero com fé ouvir pessoalmente em Récife em 2013)
sons que conversam com meu lado de dentro.



Qual o tamanho das horas?

Quantas horas se passaram desde a última vez em que cílios se juntaram nos olhos, em movimentos de dormir?
O tamanho dos minutos que passaram de ontem até agora podem ser o tamanho de uma hora... as horas ficaram morando nos últimos minutos em que tentei transformar os lençóis amassados em lugar de repouso.
Fico achando que o corpo está pedindo outros modos de descanso...menos previsíveis. “Queremos lugares alegres de descanso”
Cabeça, braços, pernas, vão se mexendo em compasso, provocando o sono que se acha descanso.
”Cadê você que quer parar? Acho que precisa encontrar a paz no movimento..”
Deitar e dormir parece ser previsível.
Vou me convencendo do contrário à força, fazendo a cadência orquestrada de movimentos se aquietar, ficar mansa.
”Você precisa dormir”.
Afirmações carregadas de pontos finais e da obrigação moral de cumprir todos os compromissos com os quais fui ficando envolvida durante a semana..uma semana...duas vou várias semanas.
Quando estava quase em movimentos de desistir, deixar o corpo ficar se debatendo, lençol amassando...encontro algumas melodias, sons em forma de provocação...provocações que vão atingindo o corpo sincronicamente em níveis celulares...célula após célula, todas vão se rendendo às alegrias ensurdecedoras de estarem embaladas por um som que se houve na rua, na madrugada. Som da Rua.
Cada pequena nota convoca cada pequena célula ao movimento do sono, com pausas para letras, e antes que o silencio escandaloso invadisse os pequenos poros, vou até o papel.
Pequenos pedaços palpáveis de insônia se dissolvem na madrugada.
Dissolvendo o sono, remexendo o inconsciente....sono, sonho e melodias vão se misturando no corpo que começa a se acalmar.....inventando ser Rainha da Bateria, curando feridas na Ortopedia, alcançando o timbre mudo do grito.
O sono vai sorrindo devagar, entrando pra página 6 de uma memória que vai borrando limites, fronteiras...
Os cílios se juntam novamente, enfim.
Toda alegria é surda.