" (...) Hesito em tudo, muitas vezes sem saber porquê. Que de vezes busco, como linha recta que me é própria, concebendo-a mentalmente como linha recta ideal, a distância menos curta entre dois pontos. Nunca tive a arte de estar vivo activamente. Errei sempre os gestos que ninguém erra; o que os outros nasceram pra fazer, esforcei-me sempre para não deixar de fazer. Desejei sempre conseguir o que os outros conseguiram sem desejar. Entre mim e a vida houve sempre vidros foscos: não soube deles pela vista, nem pelo tacto; nem vivi essa vida ou esse plano, fui o devaneio do que quis ser, o meu sonho começou na minha vontade, o meu propósito foi sempre a primeira ficção do que nunca fui.
Nunca soube se era de mais a minha sensibilidade para a minha inteligência, ou a minha inteligência para minha sensibilidade. Tardei sempre, não sei a qual, talvez a ambas, a uma ou outra, ou foi a terceira que tardou. (...) "
Encontro casual, acidental e bonito entre eu e Fernando Pessoa, que acho gostar de me conhecer não me conhecendo.
Quem sabe amanhã não seja mais....?!?
Mas é pra hoje.
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