Certas coisas poderiam ser ditas de maneira mais elaborada à medida que o texto seja lido e revisado algumas vezes, mas acredito que algumas escritas precisam ser registradas justamente como vieram à mente...ácidas, puras, cheias de verbos, pontos...e dispostas a deixar perguntas ao invés de respostas prontas, como gostam muitos desses jornais e programas sensacionalistas (que se acham última moda em questão de divulgas a notícia ao mundo).
Ela morreu.........sim, morreu.
Vieram à tona milhares de relatos e justificativa para um ato que mais parecia destino, sina, fatal para percorre um caminho “sem volta”, “perverso”, “imaturo”, quase uma “rebelde sem causa” a mulher morta que divulgou a imprensa.
E antes mesmo de sabermos quem é essa mulher (não só respondendo à pergunta com um nome de batismo completo...), o que cantava, o que diziam essas músicas, o que eram suas letras, com que fúria rasgava seus papéis quando gritava de ódio, qual era a tinta que registrava um coração rasgado e amassado de uma mulher dilacerada, qual a dose que deixa a situação mais aveludada, é o álcool, é o crack, é a maconha, quando chora, quando sofre...o que se faz? Quem se chama? Ela canta? Ela canta....ela canta pra exorcizar os demônios, afastar a dor, aprumar a alegria que faz ficar em pé....o que fez a mulher gritar, rasgar...escrever..arder...cheirar...cair...rasgar a pele, cortar o coração e colocar-se de fora pra dentro..com os órgãos a mostra toda vez que canta seu luto..."back to black"....que canta seu luto e faz todos nós cremos que é aquela voz também pode cantar o meu, o seu, o luto de todos nós, todos nós que já perdemos um amor, deixamos as rédeas escorrerem entre os dedos.
Antes que olhássemos isso e muito mais em uma pessoa que teve sua morte friamente anunciada em todos os meios de comunicação, fomos observando as manifestações vigentes, reflexos de sinceras “coisificações”, generalidades....brutalidades...“morreu a diva.....desequilibrada, sofrida, mas sempre podendo cantar seu sofrimento”.
Quem de nós aqui nessa humanidade é equilibrado o suficiente pra dizer sobre o semelhante que se esfarela?...deixa-se dissolver lentamente no mundo das drogas.... O que representa o uso da droga na vida de uma pessoa? E na vida dessa pessoa de que falamos especificamente?...porque é disso que estamos falando! De uma pessoa de verdade! Com carne, ossos, tatuagens brutas, viscerais, cabelos espetados, olhos sessentistas, dentes em falta, saltos finos, pernas quase quebráveis... Se é pra falar do pó, da erva ou do que quer que seja, que se fale de uma pessoa! Que viveu uma vida....traçou um caminho e história...que nem sempre foram regados à festas, drinques, misturas efusivas e perigosas....e que tudo isso fez parte de um caminho, de uma rota...por algum motivo que escapa dos tablóides ansiosos pelos bons números que irão render essa morte quase glamurosa.
Antes que olhássemos isso e muito mais em uma pessoa que teve sua morte friamente anunciada em todos os meios de comunicação, fomos observando as manifestações vigentes, reflexos de sinceras “coisificações”, generalidades....brutalidades...“morreu a diva.....desequilibrada, sofrida, mas sempre podendo cantar seu sofrimento”.
Quem de nós aqui nessa humanidade é equilibrado o suficiente pra dizer sobre o semelhante que se esfarela?...deixa-se dissolver lentamente no mundo das drogas.... O que representa o uso da droga na vida de uma pessoa? E na vida dessa pessoa de que falamos especificamente?...porque é disso que estamos falando! De uma pessoa de verdade! Com carne, ossos, tatuagens brutas, viscerais, cabelos espetados, olhos sessentistas, dentes em falta, saltos finos, pernas quase quebráveis... Se é pra falar do pó, da erva ou do que quer que seja, que se fale de uma pessoa! Que viveu uma vida....traçou um caminho e história...que nem sempre foram regados à festas, drinques, misturas efusivas e perigosas....e que tudo isso fez parte de um caminho, de uma rota...por algum motivo que escapa dos tablóides ansiosos pelos bons números que irão render essa morte quase glamurosa.
O que eu sei é que há sempre algum motivo de vida, de morte, de ser....que escapa a nossa tentativa de explicar o que é uma vida e como ela merece ser experienciada. Não morre uma voz...morre um ser....morre um modo de estar e compor o percurso de todos que se sentem identificados com os lutos...."back to black"...com as lágrimas....com os amores estraçalhados no meio dos caminhos.
Morrer um ídolo é morrer alguém que disse por nós...disse em nome da Ana, da Maria, do José e do João.... quem chama hoje essa mulher de ídolo sabe disso?..esses jornais que dão-se por direito a chance de falar de roupas, vícios, tropeços, amarguras e amores de uma jovem mulher...encontrar os profissionais especializados pra dizer os motivos racionais, cartesianos de tanto álcool, tanta droga, muito amor doentio, e pouca reabilitação.
Quando eu morrer alguém vai preocupar-se em discorrer sobre todas as teorias possíveis e imagináveis do porquê das minhas manias, gestos, vozes, amizades, amores, alegrias e mágoas? ........................eu espero que não. Mas com Amy eu já vi acontecendo hoje.
(no dia da morte de Amy Winehouse)