sábado, 15 de janeiro de 2011

para sempre teu, Caio F.

Olha, eu poderia tentar escrever sozinha isso aqui...Claro que poderia, é muito democrático ter um blog! Acho um barato total conhecer as pessoas escrevendo o que gosto, sou, quero ser, sonho e compartilhar contanstantemente com algumas pessoas a versão escrita de mundo que elas tem pra mostrar. Mas a grande quetão é que eu me esqueço de como algumas coisas são ditas de uma maneira tão única, jeitosa e maravilhosa que fica extremamente complicado falar sobre esse lance, quanto mais escrever. Uma coisa de dentro pra fora, pra pegar as pessoas com coração na mão e lágrima nos olhos. Tem gente que é sei lá. Tem gente que é Caio Fernando Abreu, de quem leio a biografia não biografia..."Caio não cabia em uma vida. Mas sim uma tentativa de registrar nossa amizade, em velhas cartas e textos que não descansam nas estantes e que, a cada releitura, ficam mais atuais", segundo a própria autora Paula Dip.
Isso aqui é sobre amar, separar-se, amar.
Obrigada, Caio F.
(Leiam um dia algo, qualquer coisa....recomendo, pra começar, "Pra uma avenca partindo")
Obrigada, Dani, por fazer esse encontro tão delicado eu e Caio.


"O bicho homem não faz outra coisa a não ser pensar no amor. Até as relações de produção, a luta de classes, a ecologia, o jogo pelo poder: tudo, questão de amor. Formas de amor. Amor é a palavra que inventamos para dar nome ao Sol abstrato em torno do qual giram nosos pequeninos egos ofuscados, entontecidos, ritmados. A vida toda. Mas se me perguntarem o que quero dizer com isso, não tenho resposta. O que quero dizer é justamente o que estou dizendo. Não estou com pena de mim. Tá tudo bem. Tenho tomado banho, cortado unhas, escovado os dentes, bebido leite. Meu coração continua batendo-taquicárdico, como sempre. Dá licença, Bob Dylan: It's all right man, I'm just bleeding. Tá limpo. Sem ironia. Sem engano. Amanhã, depois, acontece de novo, não fecho nada, não fechamos nada, continuamos vivos e atrás da felicidade, a próxima vez vai ser ainda quem sabe mais celestial que desta, mas infernal também, pode ser, deixa pintar. Se tiver aprendido lições (amor é pedagógico?), até aproveito e não faço tanta besteira. Mas acho que o amor não é cursinho pré-vestibular. Ninguém encontra seu nome do listão dos aprovados. A gente só fica assim. Parado olhando a medida do Bonfim no pulso esquerdo, lado do coração e pensando, pois é, vejam só, não me valeu."


("Para sempre teu, Caio F. Cartas, conversas, memórias de Caio Fernando Abreu. De Paula Dip.Editora Record.2009)

5 comentários:

  1. Simplesmente intenso!
    Há entrega, há cumplicidade; por fim, há amor!
    Suas conversas diárias, delírios, histórias, simplesmente encantam!
    Um bj

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  2. Anoca, adorei!!!! Apresente-me ao Caio F.!!!!
    Beijos!!!!

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  3. confesso que olhei pra minha medida do Bonfim no pulso direito...
    mas pensei "pois é, me valeu..."

    É assim, cada um inventa a sua historia com essa coisa toda do amor..."nosso amor a gente inventa", às vezes repete...mas inventa! Aos trancos e barrancos. Cheios de medo. Com a boca tremula querendo chorar muitas vezes.Querendo ficar quietinho, sem amar...afinal, "chega dessa agitação! Preciso cuidar de mim." Acho que cuidar de si também é amar, por mais doloroso que seja entregar-se, desde que seja de peito aberto! entregues a sentir dor...flor...e amor.

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